] terça-feira, julho 24, 2012
 
NÓ DE MARINHEIRO
minha própria teoria das cordas

a gente só sabe que ama alguém incondicionalmente quando a dor do outro é maior que a nossa dor. quando o amor não muda quando tudo muda. quando tu recua, no teu caminho de tentar ser feliz, diante da verdade da dor do outro. e tudo o que tu deseja é estar ali. tudo o que tu deseja é que seja feliz. tudo o que tu lamenta é não poder ter estado quando a dor chegou.

a gente só sabe que ama alguém incondicionalmente quando dói saber que doeu tanto. e alivia saber que aliviou um tanto o simples fato de tu estender a mão. estender a mão simplesmente, porque amo o homem que tem o peito de onde sai o braço de onde se estende uma mão que já esteve diante do que acreditava ser a solução. porque amo o humano, porque sinto dor pela enormidade da dor que é não poder ser humano. simplesmente existir.

a gente só sabe que ama alguém incondicionalmente quando finalmente entende que o enxadrismo do destino cruza linhas com o propósito que lhe convém. e não importa se é o que esperamos. o amor incondicional não é esperado. e ser humano nenhum está preparado pra quando esse dia chega.

eu só sei que amo incondicionalmente quando entendo que minha lágrima de pesar, de lamento, é apenas uma gota dentre as tantas outras lágrimas de felicidade. não que a felicidade não doa mais que qualquer outro sentimento. ela dói. quando é verdadeira, ela dói. eu só sei que amo incondicionalmente quando penso e digo, honestamente, que estou aqui. não mudo um milímetro do que sinto. e que vou lutar, ainda, com a mão firme no mesmo manche. tenho treinamento pro resgate de quem quiser se enrolar no conforto de núvens, se embebedar com a água profunda, apagar sua própria luz com o pó mágico da analgesia. já sobrevivi a essas soluções. já saí inteira de muitas tormentas, e do furacão que se aproxima eu não vou ter medo. eu estou aqui e sempre vou estar. porque o que existe, não deixa de ser o que é. apenas se transforma. se na corda invisível ou na cadeia humana, não importa. marinheiros sabem de nós.

[ Penkala ] 20:40 ] 0 comentários

 
] segunda-feira, julho 23, 2012
 
hoje quis escrever uma poesia pra ti. mas adivinha? não sei escrever poesia. fiquei aqui, impotente com esse algo que eu nem sei se ia conseguir dizer. mas pelo menos, se fosse poesia, seria menos real. hoje quis escrever uma poesia pra ti. mas adivinha? me sinto ridícula.

hoje quis te ver em verde, ou talvez em vermelho como nos dias de semana no porão onde misturas as fórmulas mágicas, mas estavas em branco. e queria perguntar assim de soco, como aqueles que já ensaiei brincando pra te ver treinar os reflexos. eu queria perguntar de soco, queria aliviar a poesia impotente que me dizia pra sofrer com tanto mistério, e tantos monstros soltos dentro do coração. mas não te vi. tinha medo, mas ia perguntar. tinha medo de saber, me escondi na poesia. se sofre bonito na poesia. a realidade é bem mais estatutária. mas só sei ser Kafka. não consigo ser Pessoa. mas adivinha? não estavas.

hoje quis que tudo fosse mais fácil, mas nunca foi. tudo começou com uma luta, e como uma luta vai continuar. hoje quis não saber. hoje quis ignorar. hoje quis não alimentar criaturas, mas adivinha? minha mente é fértil. dentro de mim, o que não sei, o que cogito, o que desconfio é tão maior, tão mais duro, tão mais feio do que talvez a realidade me reserve...

hoje quis te dizer tantas coisas, hoje quis ter força pra desistir, hoje quis ter a coragem de esquecer. mas assim como sou incompetente pras poesias, sou fraca pra admitir que a realidade vai me machucar de novo. ou que não. hoje quis escrever uma poesia, hoje quis o soco, hoje quis o mais fácil. hoje queria entender. hoje queria sentir saudade sem medo. hoje queria ter onde enfiar o sentimento. mas adivinha? me sinto ridícula. porque tudo o que eu queria era saber escrever pra ti uma poesia.

[ Penkala ] 03:35 ] 0 comentários

 
] sábado, julho 21, 2012
 
oh captain, my captain, será que estou de novo preferindo a fantasia que me faz sofrer como num livro inglês do século XIX à realidade? parece que o mundo todo caiu em cima dos meus ombros. oh captain, my captain, eu talvez sempre soubesse. talvez eu compreenda mais do que qualquer marinheiro possa compreender. eu não sou quebrável e de porcelana. sou um desses estivadores no porto, e um desses marinheiros no convés. qualquer revés que a tempestade cause, só vou ficar indecisa entre resgatar o homem ao mar ou segurar o manche desta nau. talvez eu faça até os dois. e talvez resgate o homem do mar porque prefiro sua verdade por perto a nunca mais partilhar o mundo com ele, um espectro fantasioso como o herói de um romance vitoriano. será que somos tão da mesma matéria, captain, my captain?

[ Penkala ] 02:13 ] 0 comentários

 
] sexta-feira, julho 20, 2012
 
Vivaldi. Verão, último movimento


às vezes espero na janela, desse porto londrino que em dias como hoje até parece uma cidade do Brasil, com sol e um leve calor. espero pra ver se lá no longe enxergo algum barco. e do barco, espero notícias que das tormentas e do vento gelado desconheço todas. mas quem sabe o que se passa na mente desses estivadores, que descem apressados, com sacos sobre os ombros, e me dizem sempre que de notícias não trazem nada. perguntam: tu és a moça das cartas na garrafa? eu respondo que quero apenas saber se das tormentas em alto mar sobrou alguma coisa. eles dizem: não se sabe. nunca se sabe.

quem entende o coração dos homens que derivam no mundo e acostumam com as tempestades e, como transatlânticos vitorianos querem afundar lá, no mar mesmo? quem entende o coração dos marinheiros que escolhem a tormenta. quem entende?

não entendo. nem do coração dos homens do mar, nem dos seus desígnios, nem talvez de sua predileção pela vida solitária da tormenta. só entendo dos olhares que ficam. do meu, que de tempos em tempos precisa limpar o embaçado do óculos e tornar a fazer foco, e que procura ao longe algum navio que traga notícias. e do capitão da tormenta, que vi de partida. tem terra no coração do capitão. eu sei que tem. e tem água salgada, eu sei que tem. enquanto há terra, não há água salgada. enquanto não há terra, transborda a água salgada. mas adianta dizer que eu sei é dos olhos do capitão? adianta, se o capitão carrega também a tormenta? adiantaria dizer que eu também carrego dessa mesma tormenta dentro de mim? adianta dizer que mergulharia e pegaria o capitão pela gola da capa, no fundo do mar, porque por tantas tormentas eu já passei que minhas mãos estão cortadas de tentar segurar meu próprio manche? talvez não. o que eu entendo, o pouco que compreendo, é que há um menino que tem medo dentro desse coração de tempestades de Vivaldi. e dentro desse menino, a saudade que eu deixei. o que entendo, o pouco, é o que vi. e o que vi, no meio de tantas tempestades cruéis às quais sobrevivi, é o que teimo em acreditar. eu vi medo onde dizia decisão. eu vi confusão onde dizia certeza. eu vi alguém bom onde dizia pra eu sair de perto. eu vi amor onde dizia ódio. eu acredito no que meu coração diz. e ele sempre me diz que sou capaz de mergulhar profundidades, de carregar o corpo de um homem adulto nas costas, de sustentar meu próprio corpo cansado enquanto a tempestade não cansa de castigar. só não sei por que me subestimam. por que acreditam que eu não seria capaz de compreender a natureza dos homens? eu compreendo. até demais. o que atormenta o tempestivo capitão? o ódio que tenta domar? ou algo que ele quer esconder de si mesmo, que tem medo de revelar por achar que isso faz dele menos capitão? talvez eu saiba, e não quero acreditar porque sou humana demais pra não achar que isso só pode ser brincadeira do destino.

no porto já tentei fazer exercícios de futurologia, de adivinhar quais notícias o próximo navio vem trazendo. desisto de todos. não sei, de fato, o que há de acontecer amanhã. se vou me afogar nessa água salgada nadando horas e horas buscando aquilo que eu sei que está lá. se vou escrever até meus dedos fazerem sangue. se vou desistir de tudo e atravessar o Canal da Mancha à nado. enquanto olho na janela, em direção ao porto, penso que o destino é cruel. porque eu sei que meu coração não está errado naquilo que persegue. e que eu devo esperar que as tormentas passem pra ver tudo de forma mais clara. por que eu teria ganho tanta força pra aguentar essas tempestades, e um coração teimoso, e uma coragem de mergulhar no mar gelado e arrancar dele o que o vortex engoliu? não sei do futuro, e, como boa jornalista, não acredito nos boatos dos marinheiros sujos que dizem por aí que há um monstro à solta no porto. meus próprios monstros eu mato todos os dias. só acredito que ainda não é hora de largar o manche. já passei por tempestades piores, já venci tormentas com o corpo em frangalhos, a mente ausente, o coração dilacerado. e venci. não acredito em signos, acredito em arianos. nasci no dia em que o Titanic afundou. mas não tenho medo de nenhum duro e frio iceberg. contratei bons músicos. se alguém quiser me achar, estou com as duas mãos no manche. mas pronta pra me jogar ao mar. e voltar de lá com um homem desacordado e com a pele azul. mas vivo. nem que eu tenha que bombear o coração dele com as minhas próprias mãos. enquanto os músicos tocam o último movimento de Verão, do Vivaldi.

[ Penkala ] 15:31 ] 0 comentários

 
] quarta-feira, julho 18, 2012
 
a tristeza é uma coisa que chega em golfadas. a gente chora a perda, chora o absurdo da situação, depois vai ali, faz um café. e depois, quando olha uma coisa qualquer, um jorro de tristeza nos derruba outra vez.  há quem diga que a perda de um animal significa menos que a perda de uma pessoa. bom, depende totalmente da relação que se tem com cada um dos seres. e com a compreensão que tu tem do que é um animal. eu só me acostumo mais com a perda de um cachorro porque sei que eles têm muito menos tempo conosco que os humanos. mas mesmo assim, é uma perda muito dolorida.
perdemos ontem uma companheirinha. a Whisky véia, super séria, rabugenta. tinha só 5 aninhos a magrelinha. o THX perdeu uma irmã e amiga de todas as horas, nós perdemos uma companheirinha a quem criamos com todo o amor e carinho. e que nos afogava de beijo quando estava com saudade. e eu não consigo segurar a minha tristeza quando lembro dela olhando bem séria, porque era uma lady, enquanto eu dizia: "tu é minha véia magrelinha?". não consigo segurar quando lembro dela me defendendo quando meu sobrinho batia nas minhas pernas com o carrinho de plástico. ela sentando no meu colo pra ele não bater mais e peitando ele, quase do tamanho do piá. e depois brincando com ele, fora daquela situação. ou quando lembro dela muito séria entrando na minha mala e deitando ali como se fosse a caminha dela.
lembro dela dormindo no meu colo quando sofremos os acidentes. e de como ela ficou assustada. e de como o meu reflexo foi segurar ela na hora que íamos entrando debaixo do caminhão, quando acordei sem entender o que estava acontecendo. e ela cuidando do THX quando ele tinha sido operado. e fugindo da veterinária e me dando o maior tombo da história.
um dos nossos três fantasminhas se foi. e a tristeza vem em golfadas cada vez que eu lembro que ela adorava a gente. e que deve ter sentido muito por não poder ficar mais.

[ Penkala ] 13:58 ] 0 comentários

 
] segunda-feira, julho 16, 2012
 

bittersweet memory

minha dor é perceber que a ausência é esse fantasma. que se repete dentro da gente. ela diz que é ausente, ela lembra constantemente o vazio. um vazio que exige. não um vazio que existe como vazio, mas que dói em ser vazio. que se sabe ausência. que sabe do que. as ausências tocam em nosso ombro, elas vivem dentro da gente, e chamam. porque a ausência vigia os pensamentos. o vazio engole meus pensamentos, esfomeado. e meus pensamentos me atravessam. me atravessam como uma lâmina, me atravessam pra outra margem, quando já é dia e finalmente consigo fechar os olhos. por mais que eu explique que dor é essa, talvez ninguém jamais entenda um coração dividido entre a amarga falta e a agridoce esperança. porque a saudade aperta, a falta dói, a ausência exige. mas é doce. é doce porque também espera, deseja, projeta, sonha. deseja ardentemente, deseja com carinho. deseja com fúria, ou com compaixão. ninguém jamais vai entender a urgência que esse vazio anuncia. porque não é um vazio que qualquer massa preenche. e ao mesmo tempo a calma. a calma que as coisas boas nos fazem sentir.

minha dor é perceber que quando estou caminhando pela galeria da lembrança, o retrato que me detém leva um sorriso sincero no olhar, que se repete, dia após dia. um sorriso que vem acompanhado de um abraço escondido na brincadeira de tentar me impedir de registrar o sorriso pra sempre. e um olhar que ainda está nas paredes da minha memória, doendo em ausência, e doendo também em esperança. doendo docemente, doendo um pouco com medo, um pouco feliz. uma dor que agudiza mesmo a felicidade, que torna o desejo furioso mais furioso, o terno mais terno. porque a esperança, diferente do que parece, é algo que nem sempre nos isola dentro de um muro, mas é uma essência agridoce que sempre vem com certos sentimentos. desses sentimentos que por mais que se tente, não morrem. às vezes, quisera ter esse poder.











bittersweet memory, descobri depois, é uma música. e nem tudo o que ela fala tem a ver com o que estou pensando e sentindo neste momento.

[ Penkala ] 00:13 ] 0 comentários

 
] sábado, julho 14, 2012
 
inked
tive uma crise de baixa auto-estima esses dias. não tem pessoa mais dura comigo que eu mesma. hoje mesmo meu orientando tirou 10 COM LOUVOR (o primeiro 10 COM LOUVOR do curso) e eu lembro de há bem pouco tempo, na qualificação dele, estar estressada porque achava que ainda tava faltando alguma coisa. e aí tem essas horas em que eu tenho essas crises, e fico soterrada por mil bigornas de baixa auto-estima. aí tava lá, desabafando com um amigo, quando ele me deu um soco.

cala a boca, meo! (o amigo, por acaso, é paulista. tem mais paulista em Pelotas que em SP. então esta frase deve ser lida com sotaque fortíssimo e a delicadeza peculiar)

cala a boca, meo! cê usa coturno e é toda tatuada, mano!

pedi que ele dissertasse sobre isso (é meu jeito de dizer: que porra isso tem a ver, criatura?). e ele disse que uma mulher que dá aula na faculdade de coturno é porque tem confiança em si mesma. e ninguém faz tatuagem em lugar super visível, ainda mais essas enormes aí, sem ter confiança no que é, disse ele.


engraçado.


eu, que achava que as tatuagens e os coturnos e até a armação dos óculos eram minhas defesas. de repente, foi como se me dissessem que o remédio que estou usando é placebo. e eu comecei a pensar se não é a tatuagem que me dá mais confiança, e não eu que deposito confiança nela. se não é o coturno que me permite enfiar o pé na porta. ou se não são os óculos que me protegem. e eu comecei a pensar no EU SOU. no que EU SOU e no quanto EU SOU tem importância pra mim. e em qual diabo será minha imagem pras pessoas?


como quando eu ouço de uma aluna (ok, ela tem 18, ainda precisa amadurecer bastante) que eu não tenho cara de mãe. eu, que me imagino grávida, toda tatuada, comprando camisetinhas dos Beatles tamanho 3 meses. pretas, claro. eu, que me imagino comprando coturninhos tamanho 33 na loja do exército, pro meu piá (ou minha piá) calçarem, porque é um sapato resistente e não precisa ser em couro. eu, que me imagino tatuando o nome de cada rebento, ou do um rebento. que me imagino levando a criança pra Paris e dizendo: ó, aqui foi feita a primeira exibição do cinematógrafo.


a verdade é que estou pouco me importando se alguém acha que eu não sou assim ou assado só pelo fato de eu parecer desse jeito. mas também é verdade que essas coisas me fazem parar pra pensar quem eu sou, de quando em quando. e quem será que eu sou? a pessoa das tatuagens grandes coloridas e visíveis ou a pessoa com crises de não se achar boa o suficiente. nem sequer boa?

[ Penkala ] 17:03 ] 0 comentários

 
] quinta-feira, julho 12, 2012
 
certeza número 1: nada te prepara pro que a vida prepara pra ti.

certeza número 2: estar diante da morte é um momento de profunda tristeza e também de profundo absurdo, mas isso também não te prepara pra qualquer dor que a vida te reserve.

certeza número 3: existe um sentimento tão grande capaz de criar um inferno, quando tu nem acredita num, e te fazer ir até o inferno pra lutar por algo em que tu realmente acredita.

certeza número 4: a vida pode ser cruel exatamente no mesmo momento em que está te dando uma declaração linda de amor.

certeza número 5: eu não quero desistir.

certeza número 6: eu sou um ser humano. boba como um ser humano, vil como um ser humano, às vezes cruel ou má ou diabólica como um ser humano, frágil como um ser humano. e, como um ser humano, tenho a capacidade de arrancar meu coração fora se for preciso, mas como um ser humano, eu não arranco, porque eu sonho.

certeza número 7: as pessoas talvez não mudem. mas as pessoas podem se enganar sobre quem elas sejam.

certeza número 8: o que eu sei é o que eu sinto, e o que eu sinto me dá coragem.

certeza número 9: nada é por acaso, nem ninguém topa com ninguém só por topar.

certeza número 10: o que é pra ser, é.

certeza número 11:  já olhei dentro do teu olho. e eu sei o que eu vi.

certeza número 12: não tenho medo de carrancas.

dúvida número 1 e única: o que faz com que um engenheiro projete uma torneira do lado de fora de um apartamento no 17. andar?


certeza número 13: projetos às vezes revelam coisas que não são racionais, mas são verdadeiras.

[ Penkala ] 03:51 ] 0 comentários

 
] segunda-feira, julho 09, 2012
 
queria poder dizer que a distância que me faz sentir impotente e sentir tanta saudade é a mesma que te faz viver e buscar essas coisas que estão entre tudo o que eu mais gosto em ti. não sei bem se perceber isso é amadurecimento, ou se é porque o que eu sinto é tão de verdade. ou se porque sou besta. ou se porque estou ficando meio doida. é um querer estar perto, mas querer inteiro, querer com todas as coisas que te completam. é um querer abraçar o mundo que tu tem dentro de ti. como eu quis uma vez, quando ouvi uma história de infância e avó numa terra distante, entre um gole e outro de café. como eu quis muitas outras vezes.

é estranho me dar conta de que a única pessoa que encaixa nos meus planos está do outro lado do mundo. num tempo diferente. é estranho se dar conta de que a única pessoa pra quem tu deseja dar teu mundo está separada de ti por um oceano. um mundo que tu reconstruiu sozinha, e que só tem importância se compartilhado. só é legal se eu te mostrar isso tudo. eu queria poder parar de atirar cartas ao mar e enviar uma carta à Rainha. pra que ela faça algum pronunciamento real para parar o reino distante. e neste pronunciamento real ela leia a minha carta: hoy, teus sonhos se encaixam nos meus sonhos(?), teus planos se encaixam nos meus planos(?), meu mundo está aqui, queria te dar isso, que é meio pouco, mas é meu. porque tu é a única pessoa no planeta de hoje 7 bilhões de seres humanos pra quem eu quero dar esse mundo.

será que a Rainha diria isso com sotaque cockney se eu pedisse?

[ Penkala ] 23:37 ] 0 comentários

 
] domingo, julho 08, 2012
 
esta carta (numa garrafa solta no mar?) começa com: querido diário.

querido diário, hoje acordei de um sonho perturbador. não transformada em uma barata, mas perturbada. vim correndo tentar não perder o último fio de imagem que ainda guardava do sonho na cabeça. mas acabei perdendo. e, ainda com o coração quase saindo pela boca, tive a triste confirmação do quanto sou uma idiota, do quanto estou distante da realidade, do quanto queria ter algum alívio pro aperto que ando sentindo. estou confusa. meu mundo guardado numa caixinha no fundo da gaveta e estou confusa. a distância me aturde. queria que fosse mais fácil. que tivesse menos mimimi (odeio mimimi). queria que fosse menos dolorido, menos confuso. porque minha confusão não é de sentimentos. minha confusão é do que devo fazer com eles.

tenho tantos planos, querido diário. um deles ando escondendo de mim mesma porque se eu assumir como plano, tenho medo que vá ser destruído. é uma precaução estúpida, mas é uma medida de segurança contra a minha própria dor. há alguns anos aprendi a só ser feliz quando toco na realidade concreta. luto, dia após dia, pra realização dos planos que dependem apenas do meu esforço. me condeno quando não sou capaz de cumprir cada um deles. mas também luto, dia após dia, pra não depositar todas as minhas esperanças naquilo que não depende só de mim. porque sou passional e depositar esperanças, no meu idioma, significa abraçar com as pernas e braços. mas estou aqui agora, querido diário, admitindo que sou uma idiota, uma fraca. eu tenho planos, eu sonho muito alto. e tenho medo.

não tenho medo de patrolar as dificuldades com andar firme e algumas certezas que a vida da ciência me permite. não tenho medo de enfiar o coturno na porta quando estudei tanto tempo pra conquistar o que está lá dentro. porque cada fracasso na minha vida acadêmica e profissional é um desafio pra que eu seja ainda mais forte. eu tenho medo é de onde sou frágil. porque por baixo de toda a armadura que criei pra enfrentar desde o aluno de primeiro semestre até a recusa de um trabalho, eu quero coisas que muitos nem acreditam que eu queira, eu sou uma daydreamer bobinha de casinha com cerca branca (desde que dentro possa ter minha biblioteca, meu estúdio e minha sala de cinema modelo).

queria poder dizer, querido diário, que meu coração vive apertado entre a saudade e certeza dos meus sentimentos; e a admiração pelos sonhos alheios. queria poder dizer "hoy, eu fico realmente feliz que estejas vivendo essa experiência fantástica. eu fico feliz porque isso faz de ti aquilo que eu mais gosto". queria poder dizer que a mim, nenhum dos teus sonhos parece desfigurado. que apenas estou longe o suficiente pra ficar confusa. que queria poder te dar meu mundo e ter a chance de fazer parte desses sonhos, porque gostaria de ajudar a realizá-los. que eu acho que somos da mesma matéria, que somos iguais em mundos tão diferentes. que aceito teu humor assim como compartilho de muitos das tuas rabugices. mas, querido diário, eu sou uma idiota com medo. eu queria ser o segundo envolvido, querido diário. e adoro bulldogs, querido diário. adoro.

[ Penkala ] 15:04 ] 0 comentários

 
] sábado, julho 07, 2012
 
espera. eu sei que eu é que enchi essa caixa de esperanças. eu sei que fui eu que decorei ela com carinho e enchi de esperanças. mas não foi culpa minha. aconteceu (de novo) tão de repente. as coisas que eu tinha guardado no fundo da gaveta apareceram todas. espera, não fui eu quem foi procurar. não pude evitar. tudo voltou. sozinho. independente de qualquer coisa. e eu achei que... talvez não devesse sufocar isso de novo. achei errado, claro. mas espera, eu sou humana. sufoquei por tanto tempo uma coisa que não era pra sufocar que uma hora ela apareceu de novo. com força. do nada. me acordou no meio da noite com um safanão, me exigindo que estivesse pronta. e eu não estava.

então espera, deixa eu dizer que não queria. eu não queria. quem é que quer sofrer? quem é que escolhe ser partido ao meio? quem é que opta por chorar? eu não queria, e quanto menos queria, mais transbordava. então espera, deixa eu respirar. porque se esta caixa vai ser partida de novo, então deixa que eu guardo. deixa que eu enfio ela debaixo de uma coberta, numa gaveta funda. deixa que eu enrolo a caixa no meio de algum lençol que eu nunca vá usar. porque assim as coisas que estão lá dentro ficam lá dentro. como sempre estiveram. e sempre vão estar. vou guardar com força e tentar não pensar mais. espera, se vai ser dolorido, que seja antes de atingir meus órgãos vitais (too late).

espera. eu guardei. pra preservar lá dentro tudo o que guardo com tanto carinho há tanto tempo. vou enterrar, se for preciso. fica com a parte que eu te dei, eu fico com esta aqui. e vou guardar. porque o tempo e os mundos podem mudar as pessoas. ou não. e nem sempre elas mudam juntas. que pena. porque dentro desta caixa, que guardei agora, eu ia te contar, tem o meu mundo. e de onde eu vejo, até era um mundo bonito. espera. já guardei. fico aí como lembrança. ficas aqui como lembrança. nunca vou te tirar de lá dentro. achei que a vida ia me explicar o motivo dessa brincadeira. essa brincadeira de me colocar no teu caminho. de te colocar no meu. mas é improvável que a vida me deva explicações.

guardei. vai ficar aqui pra sempre. porque eu acho que não suportaria que se quebrasse de novo. ou talvez eu aguente que se quebre todas as vezes, mas não por ti. não sei dizer.

[ Penkala ] 03:08 ] 0 comentários

 
] sexta-feira, julho 06, 2012
 
quando um teste de cor dá errado. quando um teste de cor dá certo. eu penso em ti.
quando eu luto boxe. quando sinto falta do boxe. eu penso em ti.
quando desço a minha antiga rua. quando ando na minha nova rua. eu penso em ti.
quando tomo café. quando passo café. quando sinto cheiro de café. quando sinto falta de café. eu penso em ti.
quando eu compro um livro. quando vejo um livro. eu penso em ti.
quando eu penso que eu já esqueci, eu penso em ti. quando eu tento, eu não consigo. quando me distraio, penso em ti de novo.

quando penso em ti, sinto vontade de afundar os dedos nos teus cabelos.
quando penso em ti, desejo saber mais sobre muitas coisas, pra poder te impressionar.
quando penso em ti, finjo que não quero, não preciso, que me conformo.
quando penso em ti, sinto uma falta que não saberia explicar, nem com todo esforço intelectual do mundo.
quando penso em ti, sei que não te alcanço.
quando penso em ti, sei que não deveria.

mas quando penso em ti, me sinto uma pessoa melhor.
mas quando penso em ti, não sei nem onde esconder o que eu sinto.
mas quando penso em ti, não sei onde vou esconder meu sorriso.

e quando penso em mim, tento me convencer que por mais força que eu faça, eu não sou forte o suficiente. de novo. e pra sempre. e acho que nunca mais.

[ Penkala ] 13:36 ] 0 comentários
 
 
every time I think of you I wish I was silly and talented to send you all my... ahn... a video like this


[ Penkala ] 01:27 ] 0 comentários

 
eu uso óculos




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